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sábado, 19 de dezembro de 2009

Boas Festas!!!

Estou entrando em férias e aproveitando para repensar várias coisas, dentre elas a continuidade de alguns dos meus blogs e, dentre eles esse daqui.

Feliz Natal e um Ano Novo cheio de paz, saúde e felicidades para todos!
Abraço,

JC

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Aquecimento Global ou Era do Gelo?

Será que estamos entrando numa fria?

O Sol parece que está entrando em "férias", segundo observações do comportamento do ciclo de manchas solares que se repete a cada 11 anos (ou 22, se levada em conta a inversão dos pólos magnéticos). Isso poderia fazer com que nos próximos anos a Terra se resfriasse, mascarando o efeito estufa devido à emissão de gases e, consequentemente, afetando as políticas de contenção dessas emissões. Mas poderia também trazer grandes danos à agricultura.

Veja a matéria completa na Revista da Fapesp Online.

sábado, 14 de novembro de 2009

A mesma aula no primeiro e no terceiro ano???

Quase isso!

Na semana passada e nessa aqui, se algum aluno meu do terceiro ano entrasse por engano em uma aula minha do primeiro ano, ou vice-versa, talvez ele pensasse que estava mesmo na sala certa. Motivo: um breve histórico da construção das idéias na ciência ocidental, desde os gregos pré-socráticos até os dias atuais.


O primeiro ano precisa disso para entender a astronomia e a cosmologia que estão no seu currículo neste bimestre e, o terceiro, precisa entender como essas idéias dificultaram ou facilitaram o nascimento de outras que levaram ao Modelo Padrão das partículas elementares atualmente aceito e, atualmente sendo estudado por eles.

Embora essas aulas se enquadrem naquela categoria das "aulas chatas e tradicionais", onde um professor tipo tradicional fala quase o tempo todo e ainda por cima faz rabiscos na lousa com giz (giz!!! éca!!!), os alunos gostam! Sim, eles gostam.


Primeiro porque se surpreendem ao perceberem que suas próprias idéias, tidas como mais modernas, têm cerca de 2500 anos, segundo porque percebem que suas crenças (religiosas e científicas) nasceram daquele punhado de filósofos barbudos com nomes esquisitos, de quem eles ouvem falar muitas vezes, mas sempre consideraram apenas "figuras decorativas nos livros".


Mostrar como a crença pitagórica levou Kepler às suas leis e ainda hoje nos faz construir "modelos matemáticos realistas" para partículas elementares que não podemos detectar, ou como a dificuldade de aceitar o "nada" fez com que Demócrito e Leucipo ficassem esquecidos até meados do século XVIII, e ainda hoje nos remete a perguntas tolas como "se não havia nada antes, de onde tudo veio então?", são coisas muito divertidas. O aluno se espanta e fica quase tão maravilhado quanto o professor que, em um lugar onde deveria reinar o "caos e a desordem (e tome Platão!)" passa a reinar o debate, as mãozinhas levantadas querendo malhar o professor de perguntas, e a satisfação de vê-los indo embora na saída pensando em alguma coisa que não seja apenas "o que será que está passando agora na TV?".

A história da ciência, e da humanidade, é uma delícia. A Física é uma delícia. Poder mostrar essa delícia aos pequenos é ainda mais delicioso.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Nem tanto ao céu, nem tanto à Terra

Cientistas da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, encontraram a presença da molécula de glicina (C2H5NO2), um dos aminoácidos mais abundantes nos seres vivos, em amostras do cometa Wild 2 obtidas pela sonda Stardust.

Essa descoberta reforça a teoria de que a vida é uma propriedade bastante comum no universo e que pode ter se desenvolvido na Terra graças à matéria orgânica trazida por cometas e meteoros que colidiram com a Terra em tempos remotos.

Veja a matéria completa no artigo da Revista Fapesp on-line.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Os alunos vão bem, obrigado. Quem vai mal é a escola.

Todos os cinco estudantes brasileiros que participaram da 40a Olimpíada Internacional de Física foram premiados! Veja a reportagem da Revista Fapesp (de onde retirei a imagem ao lado para divulgação).

O que nos falta não é exatamente "qualidade" e sim "quantidade"! Falta investimento maciço em educação científica e tecnológica, ao invés dessa "escolinha de enganar trouxa" que temos e insistimos em não mudar (afinal, é mais fácil ficar procurando culpados).

A mudança que pode fazer com que milhares de outros estudantes também tenham a oportunidade de mostrarem o seu talento não é uma mudança cosmética e "de ocasião", mas passa por uma coragem política (isso existe?) e uma mudança de paradigma não apenas educacional, mas também social, política e econômica.

Dá pena saber do quanto somos capazes e ter que conviver com a mediocridade de gente estúpida e preguiçosa que faz da Educação apenas um "empreguinho de encostar no barranco, à beira do riacho, na sombra dos que lhes prendem os rabos".

Parabéns para esses estudantes. Nota 100 para eles! E nota zero para os figurões e figurinhas que são bons só de gogó, vivem de favores e ainda "se acham".

terça-feira, 30 de junho de 2009

Fusão Nuclear: você sabe o que é isso?

Toda a energia que recebemos do espaço provinda do sol origina-se em um processo termonuclear que ocorre no centro do Sol. Raramente alguém se dá conta disso quando está se bronzeando na praia ou simplesmente comendo um bife ou uma folhinha de alface, mas isso só é possível graças a essa energia originada no Sol.

A revista Ciência Hoje Online publicou um artigo interessante contando um pouco da história do nosso conhecimento sobre o tema "Fusão Nuclear". Recomendo a leitura (é só clicar no link da revista).

À propósito, você já havia pensado antes que a energia que você usa para viver vem do núcleo de uma estrela? Pois é, você come estrelas e nem sabia. :)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Uma poluição que todos vêem

Uma matéria interessante, e com vários links no final para aprofundar-se no tema, foi publicada hoje na revista Pesquisa Fapesp. O artigo fala de um tipo de poluição que todos vêem, mas pouco se dão conta de que realmente se trata de "poluição", "desperdício" e "uso irracional" de recursos públicos. Trata-se da poluição luminosa.



Aquele escurinho gostoso onde os namorados gostam de ficar e os astrônomos adoram para poder ver estrelas também, está cada vez mais condenado pela iluminação excessiva e mal planejada de algumas áreas urbanas. A imagem acima, por exemplo, mostra o céu sem poluição luminosa. É assim que você o vê quando olha para ele à noite?

Prédios e ruas iluminados são até bonitos de se ver, mas são grandes poluidores de luz. A iluminação, quer nas nossas casas, quer nas vias públicas, tem como objetivo nos permitir enxergar à noite ou em ambientes onde há muito pouca luz e a necessidade de transitarmos ou trabalharmos neles. Claro, também existe iluminação decorativa, luminosos de propaganda e shows incríveis de rock onde a iluminação dá um tom todo especial ao evento. Mas não é desse tipo de "poluição visual" que estamos falando. Estamos falando da iluminação "inútil".

O artigo da revista Pesquisa Fapesp e os links no final dele mostram em detalhes como grande parte da energia luminosa usada na iluminação pública é desperdiçada e, ao invés de contribuir para uma melhor visualização, acaba atrapalhando essa visualização.

Leia o artigo e depois tente responder as perguntas abaixo:
1 - quem paga por essa energia desperdiçada?
2 - que tipo de prejuízos ao meio ambiente esse desperdício e essa iluminação excessiva e mal planejada acarretam?
3 - o que você pode fazer sobre isso?

segunda-feira, 27 de abril de 2009

40 anos depois

Um pequeno passo para o homem; um gigantesco salto para a humanidade”, foram as palavras ditas por Armstrong e que imediatamente marcaram a história do século 20.

No dia 20 de julho próximo será comemorado o 40º aniversário da conquista da Lua. Foi nesse dia, em 1969, que o astronauta Neil Armstrong se tornou o primeiro homem a andar pelo satélite terrestre, após ter percorrido com os companheiros Buzz Aldrin e Michael Collins, a bordo da Apolo 11, os mais de 360 mil quilômetros desde a superfície terrestre.

Saiba mais nessa nota de divulgação da Agência FAPESP e visite o site comemorativo da NASA.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Astrônomos "Indiana Jones"

Ao que parece os astrônomos estão mudando de profissão e virando "Indiana Jones". Pelo menos é essa a impressão que se tem pelas manchetes dos artigos da revista eletrônica da Fapesp: "Caçadores de pulsares" (25/03), "Caçadores de asteróides" (26/03).

No primeiro artigo, "Caçadores de pulsares" você fica sabendo o que é um pulsar e porque que mais de 200.000 pessoas como você estão colaborando no estudo desses corpos celestes sem ter que mover um dedinho (aliás, quanto mais seus dedinhos ficarem quietinhos, mais elas colaboram - saiba mais lendo a matéria).

No segundo artigo, "Caçadores de asteróide", você fica sabendo a diferença entre asteróide e meteorito (você sabe qual é?) e tudo sobre o primeiro asteróide que foi detectado no espaço antes de cair na Terra, e que agora serve como uma riquíssima fonte de informações. Caramba, os astrônomos agora estão conseguindo obter informações até mesmo sobre a "mae" do asteróide. Era só o que faltava. :)

Leia lá e, depois, comente aqui, se quiser.

terça-feira, 24 de março de 2009

Simulando campos elétricos

A matéria das próximas semanas nos terceiros colegiais diz respeito à Lei de Coulomb e ao Campo Elétrico.

Já tratei da Lei de Coulomb com os alunos do ponto de vista conceitual, e já fizemos algumas atividades práticas usando canudinhos plásticos, onde foi possível demonstrar os processo de eletrização por atrito, contato e indução e, de quebra, os alunos puderam literalmente "sentir" a força elétrica e explorar conceitualmente a lei de Coulomb. Porém... Eis que agora é hora de lhes mostrar o famigerado "Campo Elétrico", esse famigerado ente matemático abstrato e de difícil representação (do ponto de vista do professor que só dispõe de giz e lousa).

Para contornar esse GIGANTESCO problema de representar campos elétricos de forma eficiente no plano da lousa, vamos fazer uso, como no ano anterior, de simulações por computador. Na verdade, nesse ano, serão três!

A primeira delas destina-se a mostrar como as linhas de força do campo elétrico se distribuem no espaço tridimensional e como a intensidade das cargas geradoras afeta a densidade de linhas no espaço. Para isso usaremos o simulador criado por Paul Falstad, um sujeito que parece ser "muito legal!" e que disponibiliza vários simuladores java em seu site. Para acessar a simulação "online" basta clicar na imagem mostrada abaixo (um print-screen da tela durante uma simulação). Para todas as simulações será necessário possuir o JAVA instalado no computador, se sua simulação não abrir, baixe o programa clicando no link fornecido e o instale.

A segunda simulação que usaremos, destina-se a mostrar a configuração de linhas de força no plano para um número qualquer de cargas geradoras (na verdade parece que o simulador suporta, no máximo, 14 cargas) com sinais e intensidades ajustáveis. Este simulador está disponível em uma página do CALTECH (California Institute of Technology) e também pode ser acessado diretamente clicando-se na figura abaixo (um print-screen da tela durante uma simulação).

E, por fim, usaremos uma simulação por computador fornecida por Fu-Kwun Hwang, da National Taiwan Normal University, que mostra a forma como uma carga de prova reage à ação do campo de um dipólo elétrico quando abandonada em repouso em algum ponto do espaço. O simulador mostra a força resultante sobre a carga, o vetor velocidade instantânea e, ainda, simula seu movimento, traçando sua trajetória. A figura abaixo é um print-screen da tela durante uma simulação e também é clicável, porém é necessário se registrar no site para baixar as simulações para seu computador e rodá-las off-line. As demais simulações podem ser baixadas sem registro.


Fica aqui a sugestão para quem quiser fazer um upgrade na sua aula tradicional e, de brinde, sofrer menos na hora de apresentar esses conceitos. É claro que isso pressupõe que o professor disponha, pelo menos, de um computador e um datashow. No meu caso, eu usarei um notebook com conexão wireless com a Internet e um datashow (Sim, nós temos! Ninguém nos deu, mas nós demos um jeito mesmo assim).

sexta-feira, 20 de março de 2009

Simulando mudanças de estado

Uma grande dificuldade dos alunos ao aprenderem sobre as mudanças de estado físico durante o estudo da Termologia reside na dificuldade de "visualizar" a matéria em nível atômico-molecular. E essa dificuldade não é só do aluno, também é do professor, pois representar átomos e moléculas em movimento e explicar de forma compreensível a maneira como esses movimentos se alteram com a alteração das variáveis de estado não é tarefa simples.

Felizmente podemos hoje em dia contar com a ajuda dos computadores e de pessoas que se dedicam a criar applets em java que simulam essas situações (e muitas outras). Já falei desse assunto outras vezes e, provavelmente, voltarei ao tema muitas vezes ainda. Porém, agora o que me interessa é tratar de um simulador específico para mostrar como as variáveis pressão, volume, temperatura e número de mols interferem nas mudanças de estado físico.

O applet usado é fornecido pelo "PhET - Interactive Simulations", um programa de apoio ao ensino de Física da Universidade do Colorado. Nesse simulador é possível estudar o comportamento de uma substância em diferentes estados físicos e o impacto causado sobre as demais variáveis de estado quando uma delas sofre alguma modificação. Particularmente interessante é usar a água como substância na simulação.

Para usar a simulação é necessário que seu computador tenha o Java instalado. Se não conseguir abrir a simulação, baixe gratuitamente o JVM (Java Virtual Machine) e instale no seu computador.

Para iniciar a simulação clique na imagem abaixo.


Algumas sugestões de uso do applet:
  1. Usando um dos gases sugeridos pelo applet, mostre o comporamento caótico do movimento de suas moléculas e note que individualmente as leis de conservação da mecânica são aplicáveis a cada colisão, embora globalmente só se possa tratar o problema à partir de uma análise estatística. Isso serve também como uma "introdução" ao tema "Teoria Cinética do Gases" e já é uma representação satisfatória do modelo de "Gás Perfeito";
  2. Usando a água como substância, aproveite para observar as formas de ligação de suas moléculas nos vários estados térmicos e note que é comum termos a coexistência de mais de um estado físico em uma dado estado térmico;
  3. Experimente aumentar a pressão reduzindo drasticamente o volume (surpresa!);
  4. Injete mais moléculas (use a bomba) em diferentes estados de temperatura e pressão e observe o que acontece;
  5. Acompanhe no diagrama de fases o estado global da substância em estudo e procure associar com o comportamento das partículas dentro do recipiente.
Se quiser dar mais sugestões de uso, envie seu comentário para esse artigo com as sugestões.

terça-feira, 10 de março de 2009

Uma viagem ao Universo

Se você está começando a se aventurar agora no mundo da Física e já aprendeu por aí que "Física é a ciência que estuda a natureza", meus parabéns, é isso mesmo! O único problema é que a "natureza" e algo um tanto "grandinho", não é?

Para ter uma idéia razoável do quanto a natureza pode ser "tão grande a ponto de não sermos capazes de nos imaginar dentro dela" e ao mesmo tempo de ter coisas tão pequenas nela que as vezes nos sentimos com "um outro universo dentro desse universo" eu os convido a uma pequena viagem: "Uma viagem ao Universo"!

A apresentação a seguir é um arquivo do PowerPoint que está disponível no Slideshare (foi colocada lá no ano passado pelo professor Helder - veja o link para o blog dele na coluna da direita) e foi montada por mim no ano passado. Nesse ano eu gostaria que os alunos ingressantes dessem uma olhadinha nela e refletissem sobre o que a Física realmente estuda e como nos posicionamos diante de tudo isso, como estudantes e como seres humanos.

O fim do mundo está próximo!

De acordo com observações astronômicas recentes e estudos sobre a possibilidade de colisões de asteróides com o planeta Terra, o fim do mundo pode estar bem mais próximo do que se imagina. Ou não, como diria Caetano!

Acontece que em 2029 está prevista a passagem do asteróide Apophis (deus egípcio da destruição - que coincidência!) pelas proximidades da Terra. Até aí tudo bem, no último dia 02/03 tivemos uma passagem "de raspão" de um outro asteróide, o "2009 DD45", com apenas 30 m de diâmetro, e estamos todos vivos ainda. :)

O problema é que esses estudos apontam a possibilidade de que devido à interação gravitacional com a Terra o asteróide sofra um pequeno desvio em sua trajetória e retorne em uma órbita de colisão em 2036.

O Apophis tem um tamanho entre 10 e 15 vezes maior do que o DD45, algo entre 300 e 400 m de diâmetro, um pouco maior do que o estádio do Maracanã. Porém, com uma velocidade de impacto com a Terra estimada em 45.324 km/h, a energia liberada nessa colisão equivale a cerca de 14 mil bombas atômicas, como a que destruiu a cidade de Hiroshima no final da segunda grande guerra mundial. Isso é suficiente para detonar o clima de 1/3 do planeta.

Cálculos tão precisos sobre a tajetória, distâncias e velocidades de asteróides e outros corpos celestes só são possívelis porque há muito descobrimos como fazê-los e ainda hoje aprendemos um pouco sobre essas técnicas no estudo da "cinemática", uma parte da "mecânica" que aprendemos no Ensino Médio.

domingo, 1 de março de 2009

E por falar em atividades práticas...

Aproveitando o gancho da postagem anterior (sobre a caixa-preta e as atividades práticas em geral), aqui vai uma dica para quem gosta de "fazer física com as mãos" e não apenas de "ler sobre física" (humm... a dica também vale para quem não gosta de Física de jeito nenhum, ok?).

A internet é riquíssima em recursos educacionais quando se trata de experimentação. Há milhares de páginas ensinando a se construir todo tipo de bugiganga e sobre como realizar atividades experimentais e demonstrações didáticas, o próprio MEC está envolvido em um projeto internacional para a construção de um "Banco Internacional de Objetos Educacionais". Até esse humilde professor que vos escreve tem lá uma contribuição com um roteiro experimental para aulas de termologia (e outras contribuições estão a caminho).

A dica de hoje, no entanto, é visitar e conhecer o "Feira de Ciências", o site do Prof. Léo (Luiz Ferraz Netto), um site que há anos está na Internet a serviço de alunos e professores interessados em aprender um pouco mais sobre Física e que traz uma infinidade de sugestões de experimentos e demonstrações. E o mais importante: essas demonstrações e experimentos funcionam!

O professor Léo, de quem me orgulho de ser "amigo virtual", tem dedicado toda sua vida ao ensino da Física e sempre foi daqueles professores que "colocam a mão na massa". Seus experimentos não são apenas teóricos, como muitos que encontramos na Internet e que depois não dão certo na hora de fazer ou, o que é pior, não ajudam o aluno a aprender nada (como vários experimentos que servem apenas para matar o tempo e distrair a classe - semelhantemente ao que alguns professores de outras áreas fazem por vezes na "Sala de Vídeo").

Uma atividade prática em Física não é apenas uma meio de estimular a curiosidade do aluno, de tornar mais lúdica a aprendizagem ou de quebrar a rotina das aulas tradicionais, uma atividade prática precisa ser pedagogicamente útil. Por isso aqui vai outra dica: antes de realizar qualquer atividade prática com a classe responda para si mesmo as perguntas abaixo:
  1. Posso explorar diversos conceitos com essa atividade?
  2. A atividade permitirá que meus alunos aprendam de forma mais fácil, simples e rápida?
  3. Vou ganhar tempo com essa atividade?
  4. É certo que aulas teóricas ou outras atividades também possíveis não produziriam um resultado tão bom quanto o que obterei com essa atividade?
  5. A atividade realmente funciona? Já foi testada? Tenho certeza de que valerá a pena?
Se a resposta for "NÃO" para qualquer uma das perguntas acima, não faça a atividade. Será perda de tempo, de recursos e de energia.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O que tem aí dentro?

Uma atividade interessante, e que nesse ano foi sugerida para que os professores de física aplicassem logo na aula inicial, consiste na discussão dos "modelos explicativos" usados pela ciência em geral e, em particular, pela física.

O "fato pedagógico" a ser explorado, e que não é um fato nada óbvio para a maioria das pessoas, é que a ciência constrói modelos explicativos para a natureza e que a palavra "descoberta" tem, na verdade, muito pouca relação com o seu significado cotidiano. Ou seja, a ciência na verdade não descobre os segredos por trás dos fenômenos da natureza, mas ao invés disso ela simplesmente cria explicações e modelos para esses fenônemos naturais.

Quase tudo na ciência pode ser tomado como exemplo onde a "explicação", ou modelo explicativo, é uma construção mental que se encaixa muito bem nas nossas observações do fenômeno mas que, de fato, pode não ter nenhuma relação mais íntima com o fenômeno em si. Vamos tomar como exemplo um fenômeno bem conhecido por todos e cuja explicação científica é bela, simples e bem aceita por todos: a queda dos corpos.

Antes de Galileu, de Newton e seus contemporâneos, acreditava-se que as coisas tendiam a cair quando o seu "lugar natural" fosse a Terra e que quanto maior fosse essa tendência (que dependia do quanto o corpo fosse pesado), mais rapidamente o corpo tenderia a cair. Galileu mostrou que todos os corpos caíam da mesma forma, isto é, com a mesma aceleração, e que, portanto, não havia uma tendência a cair mais rápido quando o corpo era mais pesado. Logo depois, Newton propôs que as coisas não tinham nenhuma tendência especial para cair devido a busca do seu "lugar natural", mas sim que havia uma tendência natural entre as coisas feitas de matéria (que possuem massa) de se atraírem mutuamente. Newton chegou ao requinte de fornecer a relação matemática que descreve essa atração: sua famosa fórmula da força gravitacional.

Bom, depois de Newton outros também deram suas contribuições para a explicação da queda dos corpos e um desses, bastante conhecido por sinal, foi Einstein. O fato é que hoje temos uma "Lei da gravitação universal" proposta por Newton e aperfeiçoada por Einstein que funciona muito bem, mas continuamos não tendo a menor idéia do porquê isso funciona. Na verdade não sabemos porque a matéria atrai a própria matéria e nem podemos afirmar que isso sempre foi ou que sempre será assim. Muito menos ainda de que isso funcione sempre assim lá do outro lado do universo, ou dentro de um buraco negro ou, ainda, com outros tipos de "matéria" que ainda não conhecemos.

Antes que o leitor leigo em física começe a ficar desapontado é bom lebrá-lo de que praticamente tudo o que sabemos está sujeito a esse mesmo tipo de conhecimento: "modelos explicativos". E, por fim, relaxe, porque todo conhecimento é construído dessa forma, embora fora da ciência seja comum aceitar esses modelos explicativos como "verdades absolutas" ou "conhecimentos sagrados". Seja lá qual for o nome que você der a eles, serão sempre modelos explicativos, e nada mais que isso.

Voltando à atividade proposta, a sugestão é que se use uma espécie de "caixa preta" para que os alunos formulem hipóteses explicativas para descrever seu conteúdo ou seu funcionamento (dependendo do tipo de caixa preta usada). Espera-se que com isso os alunos percebam o caráter humano, hipotético e metodológico da ciência. Eu gosto muito dessa atividade e procuro usá-la em todas as séries, mas não exatamente como foi sugerido. Por isso mesmo vou deixar aqui outras sugestões alternativas onde essa discussão me parece partir de contextos mais realistas ou, pelo menos, não tão "abstratamente humanísticos".

Nas primeiras séries do Ensino Médio me parece pretencioso demais que os alunos recém saídos da progressão continuada consigam fazer abstrações e criar ou compreender modelos explicativos muito abstratos. Eu creio que eles gostariam muito de ficar duas aulas brincando com caixinhas, mas duvido muito que se poderia levá-los com isso a compreenderem a natureza hipotética e eminentemente humana do conhecimento científico. Nessa série eu prefiro lidar com esse tema ao abordar a idéia de método científico e geralmente proponho uma atividade prática que possa ser feita em casa (como o estudo da flutuabilidade de um copo com quantidades variáveis de água, o comportamento do período de um pêndulo simples em função de parâmetros como peso ou comprimento do fio de sustentação ou, ainda, o estudo do problema da queda dos corpos do ponto de vista conceitual). Essas questões "práticas" permitem também apontar o caráter hipotético do nosso conhecimento sem levar a divagações metafísicas do professor e bocejos compreensíveis dos alunos.

Na segunda série essa atividade me parece fundamental e fica bem contextualizada assim que nos deparamos com o problema do "modelo de gás perfeito" que, no fundo, remete aos modelos atômicos e moleculares. Aqui tanto faz se você usará uma caixinha cheia de bugigandas ou, com algum mecanismo secreto ou, ainda, se vai apenas propor uma experiência mental. O que importa é que o aluno tome conhecimento do modelo de matéria que servirá de base para o modelo de gás perfeito e que compreenda a "utilidade" do modelo. Alunos na segunda série já possuem uma chance menos remota de serem capazes de trabalhar com modelos abstratos e, dado que já tiveram alguns contatos anteriores com o tema, podem ter uma resposta mais positiva à atividade.

Por fim, na terceira série, prefiro tratar desse tema logo no início do curso de eletricidade, ao retomar os modelos de matéria (e o desenvolvimento histórico da teoria atômica) culminando com uma explicação detalhada do experimento de espalhamento de Rutherford e da proposição de seu modelo atômico-planetário. O experimento de Rutherford é um dos dez mais belos experimentos da física e, na minha opinião, é perfeito para se discutir a construção de modelos de conhecimento. Além disso, na terceira série do Ensino Médio meus alunos já começam a recuperar o cérebro que lhes foi abduzido pela progressão continuada e já quase são capazes de pensar de forma abstrata (alguns até conseguem!).

É claro que distribuir caixinhas com bugigangas ou mecanismos secretos durante essas aulas pode ajudar a tornar a aula mais divertida, mas a meu ver essas caixinhas, de forma descontextualizada (e principalmente, sem um encaminhamento didático compatível com a capacidade de abstração dos alunos), são apenas brinquedinhos pouco pedagógicos.


Para quem for usar "caixinhas com bugigandas", sugiro que utilize caixinhas de fósforos (fácil, barato e atende aos propósitos). Para quem for usar caixinhas com "mecanismos secretos" sugiro o modelo proposto no Caderno do Professor para as aulas de Física Moderna. Professores que não sabem do que eu estou falando, favor consultar o material disponível no site no Nupic. Para facilitar a vida, aqui vai o link direto para o texto que trata da construção de um dos modelos de caixa preta baseado em "mecanismos secretos".

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Dependentes elétricos

Apesar dos percalços do calendário, em algumas salas dos terceiros anos estou conseguindo iniciar as atividades letivas do ano. Claro, aula mesmo só em março, mas já dá para começar a "introduzir o assunto": eletricidade.

Eu sempre gostei de introduzir o estudo da eletricidade a partir de uma reflexão sobre sua importância em nossa vida cotidiana. Somos "dependentes elétricos", e isso é um fato estranhamente perigoso.

Embora ainda não seja possível se falar nada sobre eletricidade (temos n outros assuntos para tratar na primeira semana de aulas), já é possível deixar a primeira tarefa de casa para os pequeninos dos terceiros colegiais:
  1. Liste pelo menos dez aparelhos elétricos que você possui na sua casa;
  2. Liste pelo menos dez aparelhos não-elétricos que você possui em casa.
Embora seja uma tarefa bastante simples, ela tem como objetivo fazer o aluno perceber que os aparelhos elétricos que ele possui são em número bem maior do que outros aparelhos não-elétricos. Quando os alunos retornarem para as aulas, "de fato", em março, a conversa se dará exatamente sobre esse tema: "A dependência tecnológica dos aparelhos e sistemas baseados na eletricidade". Melhor do que um discurso bonito sobre nossa dependência da eletricidade é deixar que o próprio aluno tente encontrar dez aparelhos não-elétricos em sua casa.

Como essa é uma atividade bastante simples e rápida, nas salas onde já passei a tarefa muitos alunos a fizeram nos poucos minutos restantes para o término da aula e já perceberam o quanto são dependentes da eletricidade. Fechar a discussão sobre esse tema na próxima aula será bastante simples e permitirá então que iniciemos o curso com uma dificuldade a menos: todos estarão bastante convencidos de que aquilo que estudarão nos próximos meses é importante e está presente de forma marcante no cotidiano de cada um de nós.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Ano Internacional da Astronomia

2009 foi escolhido como o Ano Internacional da Astronomia. No Brasil teremos um site todo desenvolvido para tratar dos assuntos realtivos a esse tema, o IYA2009.

"O Ano Internacional da Astronomia em 2009 comemora os 4 séculos desde as primeiras observações telescópicas do céu feitas por Galileu Galilei. Esta será uma celebração global da Astronomia e suas contribuições para o conhecimento humano. Será dado forte ênfase à educação, ao envolvimento do público e ao engajamento dos jovens na ciência, através de atividades locais, nacionais e globais".

Aqui no blog, em homenagem ao Ano Internacional da Astronomia eu vou deixar sempre em destaque no início do blog uma fotografia do espaço fornecida pela Nasa. Essa imagem é renovada diariamente e sempre é impressionante.

No Ensino Médio a astronomia faz parte regular do currículo do primeiro ano, está em um dos eixos norteadores dos PCNs (Universo, Terra e vida (unidades temáticas: Terra e sistema solar, o universo e sua origem, compreensão humana do universo). No entanto, isso não impede que as demais séries também tenham contato novamente com o tema. Algumas atividades que podem contribuir para divulgar a astronomia em toda a escola e além dos seus muros são:
  1. promover uma exposição de trabalhos dos alunos das primeiras séries
  2. criar uma galeria digital para promover a exposição desses trabalhos na Internet
  3. criar um blog para os alunos postarem matérias relacionadas ao tema