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sábado, 14 de novembro de 2009

A mesma aula no primeiro e no terceiro ano???

Quase isso!

Na semana passada e nessa aqui, se algum aluno meu do terceiro ano entrasse por engano em uma aula minha do primeiro ano, ou vice-versa, talvez ele pensasse que estava mesmo na sala certa. Motivo: um breve histórico da construção das idéias na ciência ocidental, desde os gregos pré-socráticos até os dias atuais.


O primeiro ano precisa disso para entender a astronomia e a cosmologia que estão no seu currículo neste bimestre e, o terceiro, precisa entender como essas idéias dificultaram ou facilitaram o nascimento de outras que levaram ao Modelo Padrão das partículas elementares atualmente aceito e, atualmente sendo estudado por eles.

Embora essas aulas se enquadrem naquela categoria das "aulas chatas e tradicionais", onde um professor tipo tradicional fala quase o tempo todo e ainda por cima faz rabiscos na lousa com giz (giz!!! éca!!!), os alunos gostam! Sim, eles gostam.


Primeiro porque se surpreendem ao perceberem que suas próprias idéias, tidas como mais modernas, têm cerca de 2500 anos, segundo porque percebem que suas crenças (religiosas e científicas) nasceram daquele punhado de filósofos barbudos com nomes esquisitos, de quem eles ouvem falar muitas vezes, mas sempre consideraram apenas "figuras decorativas nos livros".


Mostrar como a crença pitagórica levou Kepler às suas leis e ainda hoje nos faz construir "modelos matemáticos realistas" para partículas elementares que não podemos detectar, ou como a dificuldade de aceitar o "nada" fez com que Demócrito e Leucipo ficassem esquecidos até meados do século XVIII, e ainda hoje nos remete a perguntas tolas como "se não havia nada antes, de onde tudo veio então?", são coisas muito divertidas. O aluno se espanta e fica quase tão maravilhado quanto o professor que, em um lugar onde deveria reinar o "caos e a desordem (e tome Platão!)" passa a reinar o debate, as mãozinhas levantadas querendo malhar o professor de perguntas, e a satisfação de vê-los indo embora na saída pensando em alguma coisa que não seja apenas "o que será que está passando agora na TV?".

A história da ciência, e da humanidade, é uma delícia. A Física é uma delícia. Poder mostrar essa delícia aos pequenos é ainda mais delicioso.